16.9.07

sobre os escombros da cidade destruída

não se incomodava com a feiúra física das pessoas com quem cruzava nas ruas. não, não era isso. tinha aversão ao olhar perdido, à expressão cabisbaixa e ao sorriso de quem pouco entendia o que ouvia. traduzia como burrice mesmo, não conseguia diferente. joão andava assim, de um lado pro outro não suportando mais tanta gente feia no seu caminho. cultivava um sentimento estranho de quem buscava uma forma de vingança simples porém honesta. ao longo de seus 45 anos, imaginou que não poderia mais suportar tudo aquilo. e assim foi, deixou o tempo passar. quando dormiu ao fim de mais um dia, sonhou que acordaria com quase nada de pé no seu entorno. assim, sobre os escombros da cidade destruída, poderia ser bem mais feliz.

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