25.6.08

não suportou, fechou os olhos

sentou e ficou lá, parada, prendia a respiração o máximo que suportava. atingia o seu limite, tossia e tentava começar tudo de novo. aos poucos, foi cansando, cansando... forçou, atingiu o limite, sentiu dores. os pulmões pareciam inchados, doíam. prendeu a respiração outra vez, não suportou, fechou os olhos.

5.6.08

"ziggy played guitar..."

ziggy played guitar enquanto ruth virava a última gota de vodka no copo extrato de tomate. decadência absoluta, elegância mesmo assim. ruth havia ficado a noite acordada, resolvera beber tudo que via pela frente sozinha, sem ninguém pra falar, ou ver, ou ter que rir, essas coisas. queria ser a criança que um dia mataria o homem, queria, depois de bêbada, encontrá-lo e dizer tudo que sempre disse, de outras formas, dissimulada, intimidada. por fim, achou que não daria tempo, o sono chegara, o corpo pesava e ela talvez não conseguisse falar mais nada. língua enrolada, pensamentos confusos. ziggy played... guitar. caiu pro lado, dormiu, apagou, capotou como uma bêbada elegante e decadente ao mesmo tempo. enquanto dormia, o telefone tocou uma, duas, três vezes... ele queria dizer que a amava, que queria ficar com ela pra sempre e que precisava do seu perdão para morrer em paz. ruth não falou nada do que havia planejado. não ouviu nada do que sempre sonhara. enquanto ruth dormia, apagava, capotava como uma bêbada elegante e decadente ao mesmo tempo, ele puxou o gatilho e morreu sorrindo. era dela seu último pensamento.