9.9.07

amor à segunda vista

do primeiro amor e da primeira dor ainda tinha viva na lembrança o sofrimento. cinco anos depois, já sabia que a rima era piegas e acabava mal. do balanço no parque e da bicicleta do menino que ia e vinha permanecia a sensação de que aconteceria novamente. e foi assim durante todo o tempo. sempre o mesmo balanço e o mesmo parque. e o menino nada. sumido assim, para todo e sempre. ela ia todos os dias, andava por lá, olhava e esperava. com dezesseis anos, tinha o mesmo cabelo de fogo espetado de tempos atrás. algumas vezes, imaginava o menino passando rápido e olhando de dentro de um carro que circulava o parque. imaginação talvez, não sabia.
um dia então, sem mais nem menos aconteceu. ela chegou, esperou e ele apareceu. cabeleira ainda vasta, passou por ela, caminhando tranquilo entre as árvores perto da lagoa. ela ficou eufórica, desceu do balanço e olhou firme na sua direção. o menino, do outro lado, sequer notou a sua presença. ela pensou em gritar, chamar por ele e falar de tudo que havia acontecido durante todo o tempo. ele passou, passou e foi embora. foi amor à segunda vista sem rima nem nada, só a dor mais forte que a primeira vez. a menina dos cabelos de fogo espetados, dessa vez, pensou apenas em chorar. ficou em silêncio por um longo período, voltou para o balanço e deixou o vento fazer a sua parte. no fim de tudo, antes de voltar para casa, ela sorriu. no outro dia ele haveria de aparecer outra vez e tudo seria diferente.

Um comentário:

Anônimo disse...

"Tem gente a fim de te comer"