talvez um dia, a redenção

a tinta escorreu, correu, sangrou. misturou com sangue mesmo, das marcas das agulhas, da pele recortada. a letra marcada no corpo, a dor da alma, na alma. ruth decidira tatuar suas iniciais no pulso esquerdo, ele nem saberia, melhor assim, melhor assim. talvez um dia o arrependimento, talvez um dia, a redenção. pouca preocupação, "do amor e dos restos, sempre quis pouco".

olhos graúdos desenho japonês_II

a menina dos olhos graúdos tipo desenho japonês atravessou a rua como fazia todos os dias. olhou para um lado, depois para o outro e seguiu em frente. procurou o menino dos olhos graúdos tipo desenho japonês mas nem encontrou. então voltou, como fazia todos os dias e foi pra casa. esperaria a noite, pra dormir, acordar de novo e atravessar a rua novamente, como fazia todos os dias.

a mesma garrafa de vodka na mão direita

ruth caiu de uma vez só. uma golada das boas, a mão sobre a boca passando pro canto, o cuspe de lado sem noção da hora nem a razão. ruth era meio assim, sempre a mesma música da cat power, a mesma garrafa de vodka na mão direita, a mesma blusa com a foto bette davis eyes.
e sempre lembrava do sorriso dele, que partiu um dia, não mais voltou e escreveu um mês depois dizendo que a amava e queria voltar. naquele dia, ruth nem pensou duas vezes: botou o vestido mais curto, a maquiagem mais cinza e saiu pela noite. daria pro primeiro que fosse gentil. vingancinha simples, porém honesta.

feliz daquele jeito

e caminhou pelos caminhos mais tortuosos. sempre preferia desse jeito, buscar fazer da forma mais difícil. e no final de tudo, voltar pra seus braços e dormir quieto. no dia seguinte, acordar e começar tudo de novo. nem sabia se era rotina, gostava daquilo, somente. feliz daquele jeito, não precisaria matar mais.

desafetos

depois que me tornei uma pessoa melhor, comecei a colecionar muitos desafetos...