23.1.08

pelo corpo todo

a marca do pé, da pisada forte...
o rosto estraçalhado no chão quente e duro.
virou para o lado, esperou passar.
passou a mão devagar, pelo corpo todo.
nada em canto algum.
de onde não sabia!!!
sabia.

mais humano

a cada lágrima que corria,
a cada gota de sangue,
a cada dor, melhor e mais intensa...
um pouco mais humano!

18.1.08

lynch no final do dia

depois que come...
morre!!!
fome saciada, vontade de não-viver
indo dessa pra outra de barriga cheia
david lynch no final do dia
rodeado por gente que não diz nada

reto pelo caminho turvo

seguiu reto pelo caminho turvo
tropeçou poucos metros adiante
levantou, continuou.
caiu de novo mais a frente... machucou
pouco sangue, dor intensa
prendeu o grito
sufocou o choro
seguiu reto pelo caminho turvo

15.1.08

na lembrança

correu limpa, do olho esquerdo em direção a boca.
gosto de água velha com sal...
cor assim meio turva, indecifrável.
secou. endureceu e ficou na lembrança.

9.1.08

sangue do bom

por debaixo da porta só um filete,
vermelho, sangue do bom...
correu assim, modesto, paciente e calmo.
coração teimoso insistiu em não parar.

piscando, piscando

a imagem da luz forte sobre os olhos,
piscando, piscando...
música alta, quase inaudível de tanto.
ela passou perto assim, quase longe de tão perto.
resolveu ir atrás,
desceu as escadas, dobrou a esquerda e seguiu reto.
uma esquina, duas esquinas... outras esquinas.
então, sem mais nem menos, ela sumiu.
ele continuou, reto, sempre...
piscando, piscando.
quando o dia amanheceu ele ainda tinha fôlego
pra seguir em frente e continuar procurando.
sol forte, calor, ruídos da rua e várias sons urbanos.
muitas luzes, pessoas estranhas.
quando cansou de tanto andar, já pelo meio-dia,
sentou.
baixou a cabeça, o sono veio, começou a sonhar
novamente, com ela.
decidiu que quando acordasse
andaria de novo, em linha reta...
atrás dela, sempre.