26.8.09

17:09

depois que a chuva passa o clima fica meio assim, indefinido,
um pouco triste e tímido pela incerteza do que vem pela frente.
e nas ruas as pessoas parecem indiferentes
à dor do homem que acabara de cair...
aliviado e cínico como o palhaço no ato final.

18.8.09

na velha olivetti cansada de palavras tristes

"sim, veneno se toma aos poucos, sorvendo-o lentamente, retratando com elegância aquele instante onde algo se define.
é quase como um bom vinho quando primeiro sente-se o cheiro para depois passar ao primeiro gole.

um bom veneno não deve ser tomado de uma vez só nem ter o tratamento do tiro certeiro, entre os olhos, sempre rápido e indolor."
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depois de escrever isso na velha olivetti cansada de palavras tristes o escritor dos poemas medianos levou o cálice à boca onde singelas 12 gotas temperavam o drink à base de vodka e suco de laranja... simples assim.

10.8.09

vermelha, vermelho

1.
viu no rosto a lágrima vermelha
que corria, escorria

e borrava a maquiagem de tons azuis e amarelos...
um pouco velha.

espelho partido em oito partes

como o coração vencido,
destroçado, vermelho,

que pulsava como a lágrima

que manchava o all star branco,

agora com detalhes
em vermelho, azul, amarelo...


2.
e respirou pela última vez,

com o coração destroçado e triste

como velho que olha o horizonte

em dia chuvoso.

5.8.09

patsy cline e o sol de meio-dia

olhava para o alto e o sol quente fervia o sangue
que escorria e fritava no asfalto em pleno meio-dia.

patsy cline em seus sonhos mais doces

dizia para que ele acreditasse mais um pouco.

a partir dali, só pensava que queria um rosto amigo,

uma expressão familiar entre os curiosos

que olhavam enquanto agonizava.

sim, agonizava...

patsy cline e o sol quente de meio-dia.

no bolso esquerdo da calça xadrez

um bilhete de ruth

que dizia apenas "valeu querido, quem sabe outro dia".

1.8.09

lâmina fria, entre a terceira e a quarta costela

1.
havia um tempo que nunca passava enquanto gotas de sangue manchavam seu adidas branco e sua calça amarela um pouco suja da noite que acabava lentamente...

2.
ela não sabia se deveria prolongar o tempo da lâmina fria e insensível que perfurava entre a terceira e a quarta costela.

3.
e nem lembrava dos amores perdidos ou abandonados depois que sempre perdia a paciência e o arrependimento era quase sempre o que restava.

4.
resolveu acabar o texto pois não queria participar daquela agonia que não teria mesmo fim.