1.8.07

alice

as marcas nas mãos suadas pouco ou nada significavam para ela. alice, ao longo de seus 70 anos, fez quase tudo que sempre quis fazer. muitos homens, nenhum arrependimento e a satisfação por não ter amado ninguém. olhava para trás e ficava sempre revisando tudo que havia vivido. pensava obsessivamente no fim dos seus dias, na forma de sua morte e no que todos sentiriam quando soubessem da notícia. fazia planos, imaginava situações e criava listas das pessoas que queria no seu velório. alice, 70 anos, havia sido uma mulher feliz. muito feliz...
então foi assim, sem mais nem menos. ela sentou no banco da praça em frente do relógio e começou a olhar o tempo passar. o tempo passou, não teve pena. passou e alice foi ficando. não tinha mais pressa nem motivo. queria que fosse daquele jeito, vendo a vida e a cidade se movimentando. sabia que depois de um tempo parada, olhando tudo, iria parar de respirar e morrer. assim, sem mais nem menos.

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