2.12.06

...quase vomitei

-Acho que cheguei no ponto máximo, defini os meus limites. Assim, impossível mudar qualquer coisa em mim daqui por diante. Vivo bem, relativamente bem. Volta e meia entristeço, encho a cara, ouço rock and roll (isso sempre!) e leio cada vez mais compulsivamente.
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-Os livros, eles me fazem perder um pouco a noção do real e, ao mesmo tempo, me fazem perceber o meu real particular. Dessa forma, poderia ser um personagem de mim mesmo? Não sei. O que você acha disso?
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-Vivo sob uma ameaça iminente de perda...
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-Perder! É legal quando você começa a se acostumar com isso. E pessoas como eu acabam tendo um instinto compulsivo para a valorização das derrotas. Há um certo culto à tristeza, à melancolia e à angústia. Mas droga, isso talvez seja poesia de fato, mesmo que eu não consiga escrevê-la, materializá-la com eficiência.
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-Tenho, e sempre tive - não há qualquer forma de constrangimento em demonstrar isso - um problema profundo com a poesia. Acho que de tanto conviver com tipos metidos a escrever ou fazer poesia de qualquer merda, passei a desconfiar profundamente de qualquer forma de tentativa vil nesse sentido.
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-Sei que, secretamente, alguém pensa algo do tipo: “esse cara é um idiota mesmo, vivendo essa vidinha medíocre, uma rotina massacrante e fazendo essa pose de moço rebelde”. Sabe do que mais, concordo. A opção pela rotina é uma forma de permanecer vivo e, desde os 23, desisti de morrer tão facilmente.
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-Segundo Arnaldo Antunes, “essa vida contém cenas explícitas de tédio nos intervalos da emoção”. E a emoção é um dos momentos mágicos dessa merda toda. Vale tudo: uma música antiga, boas lembranças, um livro maravilhoso, o Gabriel dormindo quieto, a Frida balançando o rabinho quando chego, um filme que me faça rir ou chorar, um gol do Vasco aos 45 do segundo tempo, a Nádia dormindo ao meu lado quando acordo de madrugada. Sei, idiotice, idiotice, idiotice. Melhor se afundar num quarto escuro, numa cama solitária? Não sei.
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-Nesses dias que se passam, tenho me tornado mais alegre e mais reflexivo. Cultuo um pouco de solidão, poder ficar só de vez em quando, não ter com quem falar ou mesmo nenhuma voz pra ouvir. É difícil pra mim conseguir isso. Mas eu tento... eu tenho tentado.
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-Volta e meia, ainda me pego olhando para um ponto fixo como se nele pudesse acontecer alguma coisa diferente. Nesses momentos, consigo sentir o que eu sou e o que quero. E me sinto feliz, mesmo que o meu semblante possa demonstrar profunda tristeza, melancolia ou algo parecido com isso.
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-“Quanto a mim, o me mantém vivo é o risco iminente da paixão e seus coadjuvantes: o amor, o ódio, o gozo e a misericórdia”. Da primeira que li isso num livro de Rubem Fonseca, foi como se tivesse descoberto o elixir da longevidade.
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-Há algo fundamental para a perpetuação de qualquer relacionamento, seja amoroso ou de qualquer natureza: é preciso cumplicidade.
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-Nossa, que final babaca! Quase vomitei agora.

2 comentários:

Anônimo disse...

Amei esse. Demais, demais...

Eduardo Eugênio Batista disse...

"Há algo fundamental para a perpetuação de qualquer relacionamento, seja amoroso ou de qualquer natureza: é preciso cumplicidade"
Se fosse um tiro, a bala teria feito uma curva... Quero dizer que: (Tem um pouco de românce em vc, mesmo que esteja com a data vencida).