10.7.09

é assim que ela me faz bem

toda história de amor acaba mal. nem toda história de amor acaba mal. quase toda história de amor acaba mal. para ruth, nenhuma das alternativas.
para ela, não havia histórias de amor e, portanto, não poderiam acabar simplesmente pelo fato de nem começarem. ela sabia e por conta disso pouco esperava.
naquela manhã de domingo, como em outras, ela acordou com a sensação de que nem dormira. calçou os chinelos três números maior que o seu e só assim percebeu que não sabia onde estava.
olhou para a cama vazia e desarrumada, olhou para os lados... nada reconhecera.
saiu do quarto e andou pelo apartamento de paredes velhas, pintura decadente, inspiração pífia. pouca paixão, certamente. e tudo parecia ser extremamente previsível, os livros na estante derrubada, alguns cds e vinis, fitas k7.
aos poucos ruth foi lembrando como chegara até ali. tinha começado na sua recente porém intensa vida virtual. ruth não gostava. para ela, na virtualidade faltava paixão, de olhar nos olhos e ver a última piscadela da vítima agonizante, o sorriso amoroso da nova conquista, os dentes que trincam quando a raiva provocada é inapelável.
ele, ou talvez ela, deixara um bilhete e a porta aberta: "fui comprar cigarro, demoro pouco. por mim, melhor encontrar a casa vazia na volta porque é assim que ela me faz bem. beijos".

Nenhum comentário: