19.7.09

cortina velha, suja, grades enferrujadas e esperanças juvenis

da janela, depois da cortina rasgada e suja, das grades enferrujadas, via fios elétricos com tênis, restos de pipas e esperanças juvenis penduradas e abandonadas. existiam árvores antigas, corroídas por cupim e paredes descascando. nos fins de tarde, quase sempre, podia ver o sol se por. com ele, a noite trazia velhos conhecidos e quase nunca sentimentos mais felizes. ela olhava pra baixo e agradecia, sempre, às grades enferrujadas por estarem ali nos piores momentos, quando a música ficava mais triste e os amores fortuitos da madrugada teimavam em ir embora. alguns, deixavam bilhetes de adeus, outros nem isso. nela, sobrava o hálito do vinho barato, o corpo maculado, a alma ainda mais dilacerada e as flores que nunca chegariam na hora do café da manhã.

Um comentário:

D. disse...

E o cheiro de perfume bom, ainda agarrado aos punhos, orelhas, coxas.
O cheiro que parecia dizer: Vai, levanta "nunca mais o amor é o que mais dói".