2.6.07

aos poucos, lentamente

na queda, tentou segurar o corpo
velho e cansado com as mãos calejadas.
quebrou o pulso e sentiu a dor da queda
mais o crac do osso quebrando no momento crucial.
o calor do asfalto quente pouco incomodou.
ainda no chão, antes do último suspiro,
olhou para a lua,
cheia como sempre sobre o céu estrelado.
os olhos iam se fechando aos poucos, lentamente,
como quase tudo na vida honesta porém patética.
lembrou de quase nada.
percebeu a sua miudez
quando não teve nada para recordar.
então resolveu que seria mesmo melhor assim.
não faria falta nem seria lamentado por ninguém.
sorriu e viu uma nuvem cobrindo
a lua cheia sob o ceú estrelado.
contou até dez e fechou os olhos.
sorriu o riso derradeiro...
morreu.

Nenhum comentário: